sexta-feira, 29 de julho de 2011

Baixa Visão e Cegueira: impossibilidades ou limitações?

Ao sentar-me para escrever este artigo, relembrei-me das perguntas que frequentemente ouço nas escolas em que há alunos deficientes visuais: cegos e com visão subnormal (baixa visão).  Neste momento o foco recairá sobre as questões elencadas abaixo:
  • De que maneira a deficiência visual interfere no desenvolvimento e na aprendizagem dos alunos?
  • Como ensinar alunos com deficiência visual?
Certamente, essas dúvidas surgem quando os professores se deparam com alunos com deficiência visual na sala de aula. Contudo, para respondê-las é necessário que compreendam que a deficiência visual envolve uma variedade de condições orgânicas e sensoriais que trazem diferentes consequências no desempenho visual e pedagógico dos estudantes.
Comecemos pelas pessoas com baixa visão ou visão subnormal que apresentam uma redução na sua capacidade visual que interfere ou limita seu desempenho, mesmo após a correção de erros de refração comuns. A baixa visão não é corrigida por óculos. Pode ocorrer devido a traumatismos (acidentes), doenças (toxoplasmose) e problemas relacionados à genética (albinismo) e ao nascimento prematuro (retinopatia da prematuridade). Um dos seus traços primordiais é a diversidade de problemas visuais que ela pode gerar.
 Segundo Carvalho (1992) e Veitzman (2000), as pessoas com baixa visão podem ter baixa acuidade visual, dificuldade para enxergar de perto e/ou de longe, campo visual reduzido e problemas na visão de contraste, entre outros. Contudo, vale lembrar que ver de perto não faz mal e não piora a visão e quanto mais a criança for estimulado a enxergar, isto é, a usar a visão, mais aprenderá a ver.
A cegueira ocorre quando a visão varia de zero (ausência de percepção de luz) a um décimo na escala optométrica de Snellen, ou quando o campo visual é reduzido a um ângulo menor que 20 graus.
Para além dos termos técnicos e das medidas de acuidade visual é importante entender que entre as pessoas com baixa visão e cegas podemos encontrar uma diversidade de situações que podem requerer ou não a utilização de recursos. Lembramos sempre que cada caso é um caso que deve ser visto e analisado de maneira diferente, tanto no ambiente escolar, quanto no familiar e no social.
Algumas pessoas deficientes visuais terão autonomia para se locomover e outras necessitarão desenvolver estratégias para isso; algumas poderão realizar com pouca dificuldade as tarefas escolares sem nenhum tipo de auxílio e outras só conseguirão se fizerem uso de auxílios ópticos (lupas e telelupas) ou não ópticos (ampliações, iluminação especial, contraste e outras adaptações do ambiente) para melhorar seu desempenho; algumas conseguirão utilizar materiais visuais e outras preferirão os materiais táteis (sistema Braille de escrita) ou auditivos.
Lembramos ainda que só um médico poderá testar e verificar quais recursos ópticos podem ajudar o aluno a enxergar melhor. Na sala de aula o professor tem autonomia e sensibilidade o suficiente para fazer as adaptações necessárias para possibilitar a participação dos alunos deficientes visuais em sua aula. No caso das avaliações, se não houver nenhuma adaptação, o aluno tem o direito ter um tempo maior para de fazê-la: uma hora a mais que os demais alunos.  Ainda na sala de aula, os docentes devem estar atentos com relação à utilização da lousa, pois o ideal é giz branco ou amarelo (lousa tradicional) ou canetão preto (lousa branca) para aumentar o contraste com o fundo da mesma.
Espero ter ajudado a elucidar algumas dúvidas com relação à deficiência visual.