Por:
Anilda de Fátima Piva
Profª de SAAI (Sala de Apoio à Inclusão)
1) Aspectos que podem causar deficiências:
I- Pré
Natais
- Genéticas -
Alterações de genes ou hereditárias:
·
Síndrome
de Down, microcefalia, hidrocefalia, hipotireoidismo, albinismo, má formação,
etc.
- Adquiridas:
Congênitas (gravidez), desnutrição, diabetes,
hipertensão, alcoolismo, drogas, etc.
·
Incompatibilidade
sanguínea (fator RH, primos).
·
Infecções
em geral: rubéola, sarampo, toxoplasmose, sífilis, AIDS, DST.
II- Peri
Natais
·
Prematuridade
·
Trauma
no parto (sofrimento fetal: demorado, bebê sentado, cordão umbilical enrolado
ao pescoço);
·
Icterícias
graves (fator RH).
III-
Pós Natais
·
Desnutrição
infantil;
·
Infecções
como: meningite, encefalite, poliomielite;
·
Traumatismos:
quedas, acidentes de trânsito, espancamentos;
·
Intoxicações:
drogas, medicamentos, radiações e ações de produtos tóxicos.
2- Orientações
específicas para família, professores, comunidade escolar e a sociedade em
geral com relação à deficiência visual.
I-
Desenvolvimento normal da visão
·
Nascimento -
só percebe luz, mácula ainda não desenvolvida;
·
3 meses -
fixa e segue objeto;
·
9 meses - inicia visão de relevo – noção de
distância e forma;
·
1 ano - reconhece objetos e parentes próximos;
·
4 anos -
visão quase completa;
·
5 anos - igual ao adulto, podendo melhorar até
os 7 anos
II-
DEFICIÊNCIA VISUAL: o que é?
É o comprometimento do canal
sensorial mais importante na aquisição de informações.
Definida como limitação
sensorial grave, capaz de anular ou reduzir a capacidade de ver, abrangendo
vários graus de acuidade visual, ou seja, da capacidade visual de cada olho
(medida).
III-
Classificação da O.M.S. em Genebra –
1981
Grau de perda Acuidade
Visual em ambos os olhos após de
Visão a melhor correção possível.
Máxima inferior a Mínima igual ou superior a
1
3/10(0,3) – 30% 1/10(0,1) – 10%
2
1/10(0,1) – 10% 1/20(0,05) – 5%
3 1/20(0,05) – 5% 1/60 – contar dedos à 1m
4 Percepção de luz
5 Não percebe luz
Quando: 1,2 -
Portador de Baixa Visão
3,4,5 - Cegueira
IV- CAUSAS DA DEFICIÊNCIA VISUAL
1.
Catarata
Congênita:
·
impede
a passagem da luz para a retina
·
e vista
embaçada.
2.
Glaucoma
Congênito:
·
aumento
da pressão interna do olho;
·
aumento
do globo ocular;
·
muita
sensibilidade à luz;
·
lacrimejamento
e coceira no olho.
3. Outras doenças hereditárias:
·
albinismo;
·
anomalias
na retina, córnea, íris, mácula;
·
altas
miopias, etc.
4. Retinose Pigmentar (manifesta-se geralmente na
adolescência):
·
degeneração da retina que começa na parte periférica e acaba
comprometendo a mácula.
5. Toxoplasmose
- infecção da mãe durante a gravidez:
·
agentes
transmissores encontram-se em fezes de cachorro,gatos, aves e carne de porco.
6. Neurite Óptica
- inflamação do nervo óptico do recém-nascido, associada a mães:
·
anêmicas;
·
subnutridas;
·
diabéticas
ou
·
usuárias
de drogas.
7. Conjuntivite Gonocócica:
·
(Peri-Natal)
– mãe apresenta doença venérea e a transmite ao filho durante o parto normal.
8. Retinopatia do Recém-nascido:
·
(Pós-Natal) – ocorre nos bebês prematuros, expostos
ao excesso de oxigênio.
9.
Nistagno:
·
sintoma
de ordem neurológica e tem como conseqüência a desordem visual.
OBS: Essas
doenças não são transmitidas por contato direto.
V-
VISÃO CENTRAL
A imagem cai no centro da
retina, é importante para a leitura de perto, longe e percepção de detalhes.
VI
– VISÃO PERIFÉRICA
A imagem se forma na
periferia da retina.
VII-
CAMPO VISUAL, ACUIDADE VISUAL E EFICIÊNCIA VISUAL
·
O
campo visual é toda a área que abrange a visão.
·
Acuidade
visual é a capacidade visual de cada olho (medida).
·
Eficiência
visual é a capacidade de o cérebro interpretar o que vê.
VIII-
COMO DETECTAR CRIANÇAS COM POSSÍVEIS DIFICULDADES VISUAIS
·
Hipermetropia –
crianças com dores de cabeça que apresentam dificuldades para enxergar de
perto, tonturas, cansaço visual, são dispersivas e preferem brincar ao ar
livre.
·
Miopia – as crianças têm dificuldade para
enxergar à distância, geralmente apertam os olhos para ver melhor e aproximam
os objetos para perto dos olhos; são crianças mais tímidas, preferem atividades
mais próximas da mão: leitura, pintura, brincadeiras e jogos.
·
Astigmatismo – pode estar associado à hipermetropia
ou a miopia e consiste numa curvatura diferente da córnea. Pode causar dores de
cabeça, ardor nos olhos, olhos vermelhos aos esforços visuais.
Nos
três casos, aconselha-se o encaminhamento para o oftalmologista o quanto antes.
IX-
A ESCOLARIZAÇÃO DA CRIANÇA COM BAIXA
VISÃO
1-
Importância do Professor para:
·
aceitação
da criança;
·
preparação
da classe (acolhimento);
·
apresentação
do ambiente físico e dos colegas
·
propiciar
meios para a aprendizagem: riqueza de
materiais muitas cores e texturas (diversidade);
2-
Recursos Ópticos
Para perto: lentes de aumento
(lupa manual e lupa de apoio)
Para longe: telescópio ou
telelupa (para lousa, televisão, reconhecer ônibus).
Obs: Quanto mais poderosa a
lente, menor o campo visual, é necessário destreza e treinamento especializado para a utilização.
3-
Recursos Não Ópticos
Não utilizam lentes para
melhorar o desempenho visual, porém recomenda-se:
·
aluno
na frente da sala;
·
iluminação
adequada;
·
cadernos
com pautas ampliadas;
·
lápis
preto 4B ou 6B;
·
canetas
hidrográficas para maior contraste (preferencialmente na cor preta ou azul);
·
lições
ampliadas (textos, mapas, desenhos) ou com reforço nos contornos com
hidrográfica na cor preta - de preferência;
·
avaliações
ampliadas e com menos questões;
·
aproximação
dos objetos.
X - CEGUEIRA
1-
Programa de Intervenção Precoce
·
Estimulação da criança (preferencialmente
ainda bebê);
·
Orientação à família.
·
SAAI – cujo trabalho visa à inclusão do aluno
em sala regular o mais cedo possível.
·
Outras
instituições como Fundação Dorina Nowill e Laramara.
2-
Atividades Diretas
·
brinquedos, jogos e vivências do cotidiano;
·
esquema corporal, lateralidade, orientação
espacial e temporal;
·
orientação e mobilidade;
·
coordenação motora;
·
desenvolvimento: tátil, sinestésico e auditivo;
·
alfabetização pelo sistema Braille;
·
uso da reglete e da máquina Braille;
·
uso dos sintetizadores de voz: Dos Vox e Virtual Vision;
·
uso do soroban;
·
uso de materiais adaptados como: régua,
transferidor, compasso, prancheta de
desenho e outros;
·
transcrição de textos: em tinta ou em Braille
·
transcrição de trabalhos e avaliações do Braille
para tinta (provas, atividades diversas);
·
adaptação de
materiais: mapas, jogos, gráficos, desenhos;
·
orientação
aos pais;
·
trabalho
integrado com os conteúdos da sala regular;
·
trabalho de sensibilização com alunos da escola e
com a comunidade.
XI- PROCESSO EDUCACIONAL E PEDAGÓGICO
DA CRIANÇA COM BAIXA VISÃO
·
Cada criança é única e deve-se
respeitar o seu tempo e a sua capacidade de entender, seja ela deficiente o
não. As pessoas têm personalidades diferentes e da mesma forma cada criança terá seu jeito de
assimilar os fatos cotidianos e os
conteúdos desenvolvidos em sala de aula.
·
A criança com baixa visão não deve ser
comparada a uma criança que enxerga totalmente. Seu rendimento em classe é
diferente, mas ela não deixará de aprender e de se desenvolver. Portanto, ela poderá
ser incluída em todas as atividades escolares, tais como: arte, música, ginástica,
teatro, apresentações de trabalhos, jograis, saraus, dentre outros.
·
As normas disciplinares aplicadas às
outras crianças devem ser aplicadas também à criança com baixa visão, ela não
deve ser tratada como uma “coitadinha” e excluída desse processo formador.
·
Com relação à locomoção: encoraje a
criança a se locomover pela classe, na escola e no pátio, para que essa exploração
forneça a ela informações preciosas sobre a escola.
·
Deixe-a aproximar-se dos objetos e
manuseá-los.
·
Respeite o limite da criança e, se ela
não pedir auxílio, não o dê. Porém, se perceber que essa criança está deixando
de fazer a tarefa por constrangimento, medo ou insegurança em pedir ajuda, converse
com ela em particular e esclareça o papel do professor na classe.
·
Mencione sempre o nome de quem fala,
pois às vezes devido à distância, a criança não conseguirá saber quem está
falando e nem sempre o tom de voz é fácil de reconhecer.
·
Procure, na medida do possível, desencorajar
os “maneirismos”. Algumas crianças com baixa visão podem apresentar certos
tiques. Por exemplo: balançar o corpo ou colocar as mãos sobre os olhos.
·
Na sala de aula, deixe que a criança
que necessita de mais luz para ler e escrever sente-se próximo à janela.
·
Encoraje o uso da visão residual.
Quando não consegue copiar o que está no quadro negro:
·
Deixe que a criança se levante;
·
Entregue cópia do que será colocado na
lousa;
·
Dite vagarosamente as atividades;
·
Permita a gravação da aula;
·
Deixe-a utilizar o computador, pois
este recurso permite que se amplie o
campo da letra tanto quanto for necessário;
·
Apresente uma avaliação ampliada e com
menos questões (adaptação curricular);
·
Mapas, gráficos e desenhos também podem
ser ampliados ou ter reforçado os contornos com a cor preta;
·
A criança com baixa visão pode
apresentar cansaço visual, por isso, convém que o professor intercale as
atividades de leitura e escrita com atividades orais ou recreativas (quando for
o caso).
Observar os alunos para detectar possíveis
casos de problemas visuais para encaminhamentos oftalmológicos, como por
exemplo:
• tonturas,
náuseas e dor de cabeça;
•
sensibilidade excessiva à luz (fotofobia);
• visão dupla
e embaçada.
Condutas do aluno:
• aperta e
esfrega os olhos;
• irritação,
olhos avermelhados e/ou lacrimejantes;
• pálpebras
com as bordas avermelhadas ou inchadas;
• purgações e
terçóis;
• estrabismo;
• nistagmo
(olhos em constante oscilação);
• piscar
excessivamente;
• crosta
presente na área de implante dos cílios.
IMPORTANTE: Considere rendimento escolar do aluno
deficiente visual em termos de suas aptidões e potencialidades e não de suas
dificuldades associadas à deficiência visual. Há muitas atividades que o aluno
consegue realizar, à princípio, com a ajuda do outro (coleguinha ou do
professor) e depois sozinho. Isso, sim, é que deve ser levado em conta.
Referências Bibliográficas:
Min, Hsu Yun, Sampaio, Marcos Wilson e Haddad Maria
Aparecida Onuki. Baixa Visão: conhecendo
mais para ajudar melhor. São Paulo. Laramara, 2001
Oliveira, Regina Carvalho de Salles, Kara-José, Newton e
Sampaio, Marcos Wilson. Entendendo a
Baixa Visão. São Paulo. Laramara, 2000.
Oliveira, Regina Carvalho de Salles, Kara-José, Newton e
Arieta, Carlos Eduardo Leite. Manual da
Boa Visão do Escolar: solucionando dúvidas sobre o olho e a visão.
Brasília. Ministério da Educação, 2000.